Pátio de São Pedro, 18 de Maio de 2010. Dia 2! Anotações da trincheira.

18 05 2010

Hoje o Museu de Arte Popular entrou em seu terceiro dia de programação voltada para a 8ª Semana Nacional de Museus. Entrincheirados, e aguardando a chegada dos alvos, os funcionários do museu se preparavam para a performance, onde encarnariam Antônio Conselheiro e seus seguidores. A Guerra de Canudos teria seu segundo dia no MAP.

            Os alvos chegaram cedo, pontualmente às 9 horas da manhã. Apesar de pegos de surpresa, os funcionários não deixaram de aplicar sua tática de guerrilha e rapidamente tomaram suas armas, ops…, o figurino de beatos, e adentraram a sala de exposição. Desta vez foi o alvo que se viu surpreendido pela ação dos funcionários do MAP.

            Os alvos, alunos e professores da Escola Municipal Jandira Botelho, reagiram de diferentes maneiras à intervenção no MAP. Alguns olhavam assustados, outros achavam graça, mas, era fato: todos estavam interessados em como, subitamente, foram transportados para o meio de um movimento messiânico, uma romaria em pleno MAP. Os guerrilheiros do museu, por outro lado, rezavam, ajoelhavam-se, abençoavam e faziam romarias entre as vitrines e os visitantes do Museu de Arte Popular.

            Durante a tarde, a resistência mapeana se engajou em outro combate. Saiu de cena o Arraial de Canudos e seus beatos, e entraram todos nas comemorações do Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Como ação desta nova frente de resistência, o MAP recebeu aliados da Secretaria de Saúde Mental, através dos Centros de Apoio Psicossocial do Recife (CAPS), que trouxeram diferentes grupos, de diferentes sedes, englobando ex-usuários de drogas, álcool e pessoas com diferentes transtornos mentais para o Museu de Arte Popular.

            Tudo isto faz parte da batalha maior que os guerreiros do Museu de Arte Popular se engajaram, pois se o tema da 8ª Semana Nacional de Museus é a Harmonia Social, o Museu de Arte Popular buscou nesta temática, trabalhar a “inclusão social em museus”. Ou seja, o MAP, durante toda a semana recebeu e continuará recebendo pessoas que tem um acesso dificultado aos espaços museais, pelas mais diversas razões, tais como os visitantes do CAPS ou da escola Jandira Botelho.

            No fim, entre mortos e feridos, se divertiram e aprenderam todos, mas a luta continua.

Museu de Arte Popular

Pátio de São Pedro|casa49

3232-2803/3232-2969





8º Semana Nacional de Museus

14 05 2010

           

 

O Museu de Arte Popular e o Memorial Luiz Gonzaga, durante o período de 17 a 21 de Maio, vivenciarão a 8ª Semana Nacional de Museus, que tem por tema, “Museus para a Harmonia Social”. Oportunizando o eixo temático proposto, resolvemos trabalhar os espaços museais como locais inclusivos junto a um público de pessoas com deficiência, mobilidade reduzida e jovens em vulnerabilidade social.

            Ao final da semana, para debater teorias e políticas efetivas, no concernente à acessibilidade em museus e outras instituições culturais, o MAP e o MLG promoverão uma mesa de debates, no Teatro Hermilo Borba Filho, no dia 21 de Maio, às 16:00 horas, contando com a presença dos seguintes palestrantes: Antônio Muniz da Silva (Assessor da Secretaria de Assistência Social), Eleonora Pereira (Assessora Política da Casa de Passagem), José Nunes Júnior (Gestor Administrativo da AACD), Vitória Barros (Gerencial de Medida de Semi-liberdade), Rebeca Oliveira (Observatório Negro). Márcio Luna (Coordenador Educativo do Memorial Luiz Gonzaga) e Daniel Barreto (Coordenador Educativo do Museu de Arte Popular) serão os coordenadores da mesa.

 *Mesa-debate de encerramento da semana de museus

Quando | Dia 21 de Maio, sexta-feira, às 16 horas

Onde | Teatro Hermilo Borba Filho, Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife

 Sobre os palestrantes

1. José Nunes Júnior | Bacharel em Direito, pós-graduado em Gestão de recursos Humanos, Ex-executivo do Grupo Votorantim, BCP Telecomunicações (atual Claro), e Grupo Pão de Açúcar. Gestor Administrativo da AACD desde janeiro 2009.

2. Eleonora Pereira | Articuladora Política da ONG Casa de Passagem,
Conselheira Estadual de Direitos Humanos,
Coordenadora da Rede de Combate ao Abuso e Exploração Sexual do Estado e
Ex-presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente.

 

3. Antônio Muniz da Silva | Graduado em Biblioteconomia e Pedagogia pela UFPE, com especialização em Educação Especial pela FAFIRE, foi diretor do Centro de Reabilitação e Educação Especial – CREE Recife, (1999/2001), foi Presidente do Conselho Deliberativo da CEAD (1998/2002), foi Coordenador da Coordenadoria Municipal para Integração da Pessoa com Deficiência – CORDE – Recife (2001/2005). Atualmente é Presidente da Associação Pernambucana de Cegos – APEC, tendo sido eleito em 27 de janeiro de 2007 e representou as Pessoas com Deficiência Visual no Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência – CONED (2004/2008). É membro da Comissão de Políticas Públicas e Delegado por Pernambuco da Organização Nacional de Cegos do Brasil – ONCB.

4. Vitória Barros | Pós-graduada em Gestão Pública. Gerente da Gerencial de Medida de Semi-liberdade. Professora de Educação Física.

5. Rebeca Oliveira | escritora, advogada e cientista política, com especialização em direitos humanos. Atua na organização da sociedade civil Observatório Negro e é pesquisadora em direitos humanos, cidadania e desigualdades raciais.

Museu de Arte Popular

Pátio de São Pedro | Casa 49

São José | Recife | PE





USE SEUS MUSEUS | 16 de Maio de 2010

14 05 2010

> Na tarde do domingo dia 16 de maio vários museus de Pernambuco estarão abertos gratuitamente celebrando a Semana Nacional de Museus, cujo tema deste ano é Museus Para a Harmonia Social. A campanha Useu Seus Museus, promovida pelo Fórum dos Museus de Pernambuco com patrocínio da Caixa, da Prefeitura de Olinda e apoio da FUNDARPE.
>
> Veja a lista de museus participantes no endereço http://forumdosmuseusdepernambuco.com.br
 
O Museu de Arte Popular fará parte da campanha USE SEUS MUSEUS, promovida pelo Fórum dos Museus de Pernambuco, abrindo no domingo, 16 de Maio, das 13:00 às 17:00 horas.
 
Em cartaz com a mostra Caminhos do santo, o MAP traz um passeio por algumas nuances da religiosidade popular do Nordeste do Brasil. Com obras de Maria Amélia, Maluco Filho, Lídia Vieira, Zé Caboclo, Zé do Carmo, dentre outros artistas. O trabalho do fotógrafo Marcelo Feitosa, realizado nas romarias do Juazeiro do Norte, no Ceará e do Morro da Conceição, no Recife.
 
No Pátio de São Pedro, além do MAP, estarão abertos o Memorial Luiz Gonzaga, o Memorial Chico Science e o Mamam no Pátio.
 
 
USE SEUS MUSEUS
Quando | 16 de Maio, Domingo, das 13 às 17 horas
 
Museu de Arte Popular
Pátio de São Pedro | Casa 49
São José | Recife | PE
(81) 3232 – 2803 / 3232 – 2969
https://museudeartepopular.wordpress.com/





2001: Uma Odisséia no MAP.

3 05 2010

Inaugurada no dia 21 de Dezembro de 2009, pouco antes do feriado de Natal e Ano-Novo, a exposição Caminhos do santo do Museu de Arte Popular (MAP), atingiu uma importante marca, os 2001 visitantes, no dia 19 de Abril de 2010. Levando em consideração o período de inauguração da exposição: em cima dos feriados de Natal, Ano Novo e Santos Reis, podemos dizer que o MAP manteve uma média de 500 pessoas por mês.

                        Desde sua reinauguração, o MAP contou com duas exposições, além da atual. A primeira exposição contou com cerca de 900 visitantes, em sete meses de duração. A segunda exposição, Vitalinos, que homenageava o centenário do Mestre de Caruaru, assim como seus seguidores, chegou a pouco mais de 4.000 visitantes em seis meses de exposição (Junho – Dezembro de 2009). O crescimento significativo da primeira exposição, para a segunda, e da segunda para a terceira (que pode alcançar os 4.000 antes de completar 5 meses), indica que o MAP vem traçando um planejamento correto para se firmar como um centro cultural em Pernambuco.

                        A exposição Caminhos do santo, trabalha a religiosidade e a fé dentro do universo da Arte Popular nordestina, estendendo este conceito para a Cultura Popular como um todo. Temas diversos, como São Severino do Ramos (PE), Padre Cícero (CE), Menina-sem-Nome (PE), Borboletas Azuis (PB), Sítio do Caldeirão (CE) e até mesmo os nacionalmente famosos Diabo da Garrafa e as Cruzes de Estrada, além dos mundiais Ex-Votos, são, assim como muitos outros, abordados e compõem a exposição Caminhos do santo.

                        Assim como os temas são diversos, a exposição também visa um público diverso. Podemos notar, por exemplo, que com o recomeço das aulas, o público mais frequente no espaço é o de estudantes, ainda no Ensino Médio ou Fundamental. Isto, claro, não quer dizer que o espaço não tenha recebido visitações de grupos universitários. Pesquisadores também surgem com frequência no espaço, e pretendemos aumentar ainda mais este tipo de público, com ações que afirmam o museu como um espaço que constrói, divulga e difunde pesquisas e saberes, tais como a série de debates Diálogos…, que terá sua quarta edição no auditório da Livraria Cultura, no dia 05 de Maio, às 19:00 horas. Notamos também, que no mês de Janeiro, a maior parte do nosso público foi de turistas, os de fora do Brasil chegaram a 10% do público total, enquanto que os visitantes de outras partes do Brasil compuseram quase 50% do público total. Em Fevereiro ouve uma equiparação entre turistas e locais, mantendo os estrangeiros perto de 10% do público. Por fim, em Março houve uma grande explosão de visitantes locais, especialmente por conta das visitas agendadas de colégios e outras instituições de ensino que teriam recomeçado as aulas, e uma queda de quase 50% no público de turistas, atingindo especialmente os turistas de fora do Brasil.

                        O museu segue trabalhando para aumentar ainda mais o número de visitantes, não para ter grandes números, mas para ter a certeza que seus trabalhos, suas pesquisas e que o conhecimento aqui produzido e/ou difundido alcançará a maior quantidade possível de pessoas, cumprindo um de seus papéis: a difusão e democratização do conhecimento, da cultura.

                        Para tanto, temos nos empenhado em apresentar a todos um trabalho de qualidade, em construção, de olho numa consolidação.

                        Para aqueles que não fizeram parte dos 2001, fica a dica: O MAP funciona de segunda à sexta, das 9:00 às 17:00 horas. Para agendamentos, recomendados especialmente para grupos grandes, ligar para o telefone 3232-2803 (Att: Daniel Barreto), ou enviar um e-mail para: educativomap@hotmail.com





A ‘guerra’ dos mundos

26 03 2010

Muito se tem falado dos atuais conflitos religiosos, étnicos e culturais que surpreende-nos dia após dia nos principais jornais do país e do mundo. Pouco se tem ouvido das mediações possíveis entre países, pessoas e povos que não se entendem. Talvez a ausência de personagens que promovam a paz e a compreensão der-se por uma dificuldade do mundo globalizado em perceber outros discursos e concepção de vida em meio a uma sociedade cada vez mais massificada. Em direção contrária às políticas e ações unilaterais, temos uma série de instituições que procuram um caminho de idas e vindas, construções e desconstruções e os espaços museais não poderiam se furtar a trilhar estradas que possibilitem a várias tribos compreenderem e moldarem discursos apresentados nas exposições destes espaços físicos e sociais. Abaixo temos um texto-depoimento de Alesson Góis, o simpático estagiário do Museu de Arte Popular, esta instituição que ganha voz junto aos seus amigos e admiradores. Nele você fica sabendo um pouco dos desafios enfrentados por mediadores que podem e devem servir de lição a tanta “gente grande” por aí. Divirtam-se!!!!

As dificuldades da mediação

Cada indivíduo possui uma maneira de perceber a si mesmo e o mundo que o rodeia. As leituras e interpretações feitas sobre elas são as mais variadas possíveis baseando-se no contexto sociocultural em que o indivíduo esteja inserido. Esses infinitos “mundos” particulares, cada um com seu sistema organizacional próprio, é o que torna a condição humana ainda mais instigante.

Por vivermos em sociedade, esses “mundos” acabam, por sua vez, se entrecruzando. Neste momento, é comum ocorrer divergências na comunicação e, por isso, se faz necessário a avaliação e a reorganização da fala a fim de se tornar compreendido.

Dentro de um museu não acontece diferente. Para cada visitante que entra nesse espaço é necessário ser revisto o discurso de mediação devido às singularidades de percepção. Fatores como a faixa etária, a realidade social do visitante, o nível de escolaridade entre outros aspectos são motivos que levam a essa reestruturação da mediação.

Como mencionado, o objetivo de qualquer indivíduo que dialoga é ser compreendido, sendo assim, o mediador em um espaço museológico deve estar atento a essas questões, pois elas refletem diretamente na interação que o visitante terá com a exposição, como também, na própria satisfação da visita tanto pela questão da aquisição de conhecimento como até mesmo na divulgação do espaço para seus amigos e familiares.

Portanto, cabe ao museu e sua equipe estar em constante busca por estratégias de mediação que supram as necessidades de cada público visitante, procurando estabelecer uma linguagem nítida e coerente.

Alesson Góis